Personal Nerd, Profissão Reconhecida!

PROBLEMAS HI-TECH

Recorra ao seu personal nerd

Como você se vira quando tem dificuldade para usar um programa no computador ou desvendar aquele monte de teclas no eletrônico recém-comprado? Nem sempre dá para contar com um parente ou amigo mais entendido em informática, o “nerd” da turma.
Agora, há os serviços de “personal nerd”. Isso mesmo. Da mesma forma em que existe personal trainer, que orienta exercícios físicos de seus clientes em casa, e até personal stylist, para ajudar a montar o guarda-roupa, também há demanda para uma assistência tecnológica exclusiva. Afinal, informática deixou de ser coisa só de especialistas faz tempo. Em cinco anos, o percentual de lares gaúchos com computador dobrou, chegando a 34,8% dos domicílios em 2008, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Nos Estados Unidos, onde há maior popularização de tecnologia, esses serviços são mais disseminados. O caso mais conhecido é o da Geek Squad, uma subsidiária da rede Best Buy. No Brasil, a TecTotal também é focada nisso. Inclusive, tem parcerias com grandes redes de varejo. Oferece suporte tanto por telefone quanto em casa, seja para montar uma rede sem fio ou formatar um documento no Word.
– Nosso cliente estava pedindo esse tipo de serviço, com dúvidas sobre como fazer backups ou baixar fotos para o computador – relata Adriane Lengler, diretora de marketing da rede de lojas Compujob, que passou a oferecer esse serviço no mês passado.
A advogada Iolanda Monteiro, 37 anos, não precisa ir muito longe para conseguir assistência tecnológica. Recorre ao irmão caçula, Jonathan Luis Wommer, 24 anos. Como ele é técnico em informática, virou o "help desk" da família.
— Não tenho muito tempo para fuçar nessas coisas de internet. Como ele sabe, abrevia o tempo que eu gastaria procurando — afirma Iolanda.
Também foi Jonathan quem lhe ensinou a desligar o smartphone com tela sensível ao toque que comprou em São Paulo há alguns meses.
— Não sabia como desligar para trazer no avião. Tive de tirar a bateria. Depois, passei para o Jonathan ler o manual e me ensinar os recursos básicos — revela.
O marido de Iolanda, Fábio Bittencourt da Rosa, 63 anos, também é socorrido pelo cunhado. Entregou pilhas de CDs para o rapaz transferir as músicas ao seu iPod.
Renato Vieira, 38 anos, é um desses “nerds particulares”. Em uma hora de aula, ensina a gravar CDs e DVDs, anexar arquivos a um e-mail e o que mais a pessoa quiser aprender. Saul Nadvorny, 85 anos, chamou o profissional. Queria descobrir como imprimir só um bloco de texto em um documento no Word. De quebra, o comerciante aposentado aprendeu até a salvar no computador vídeos do YouTube. No meio das instruções, puxou um bloquinho e passou a fazer anotações.
– É fantástico ter essas explicações – disse.
Para Katty Zuniga, do Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática da PUC-SP, a diferença de gerações deve ser considerada. Crianças, por exemplo, já nasceram rodeadas por tecnologia e têm mais desenvoltura. Os outros, se adaptam:
– Há muita resistência em relação à tecnologia. Quem nunca precisou, não vê necessidade. Outros têm curiosidade e vontade de aprender – diz a coordenadora do curso Pedagogia Multimeios e Informática Educativa da PUCRS, Helena Sporleder Côrtes.
Recorrer ou não a esses profissionais é questão pessoal, mas não significa que os equipamentos sejam complicados de lidar. Alguns até são, mas hoje, por exemplo, é mais fácil usar um computador do que nos anos 1980.

Matéria: Vanessa Nunes - Jornal Zero Hora dia 17/10.